Este trabalho surgiu durante o processo de edição de um outro projeto, em que venho fotografando grandes cidades. Nesse projeto utilizo uma câmera estranha e complexa de operar - uma espécie de Frankenstein fotográfico, com corpo basculante e sensor digital acoplado. Pela dificuldade de operação, às vezes aperto o disparador sem que o sensor esteja totalmente pronto para receber a imagem. O resultado são esses glitches, como são conhecidas as "falhas" criadas pelos dispositivos digitais.
As imagens surgem aleatoriamente, como se a câmera tivesse vontade própria. Enxergo essa série como um trabalho de colaboração entre mim e a máquina - uma proposta futurista de arte cyberpunk. Me agrada que tenham surgido durante essa investigacão do mundo urbano pois, ao fundir o tema das cidades e da distopia digital, esses glitches parecem representar o mundo extremamente problemático que nos aguarda.